Parceria entre CNJ e escola de magistratura do Paraná vai garantir 200 bolsas de estudo
A execução das ações de implantação do Programa de Ação Afirmativa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) terá a parceria da Associação de Magistrados do Paraná (Amapar) e da Escola de Magistratura do Paraná (EMAP). O memorando de entendimento foi assinado nesta sexta-feira (1º/3) e manifesta a intenção das instituições em cooperarem para viabilizar a participação de pessoas negras e indígenas em concursos da magistratura em condições mais igualitária com demais candidatos.
A participação da Amapar e da EMAP permitirá o credenciamento e a oferta de 200 vagas em cursos preparatórios para pessoas negras e indígenas para o Exame Nacional da Magistratura (ENAM) e para os concursos dos tribunais, por ramo da Justiça. Esse trabalho também deve possibilitar a formação de equipe multidisciplinar para acompanhar as pessoas contempladas com a Bolsa Manutenção, em todas as questões relacionadas ao concurso e à saúde mental.
As instituições deverão implementar ainda um programa de suporte para pessoas negras e indígenas beneficiárias de Bolsa Manutenção, inclusive com adoção de métodos para acompanhamento de editais abertos e estratégias para evitar evasões e desistências do Programa. Segundo o presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, as parcerias institucionais são fundamentais para a consolidação do Programa. “Essa iniciativa vai permitir melhorar a demografia de gênero e raça na magistratura, dando melhores condições de competitividade”.
O presidente da Amapar, Marcel Ferreira dos Santos, disse que a iniciativa vai ajudar os bacharéis negros e indígenas de maneira concreta. “Eu sou filho de um desembargador negro e sabemos como um incentivo pode dar bons resultados”. Além do Paraná, a Associação de Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris) e a Escola Superior da Magistratura do RS também figuram como parceiros do Programa.
Equidade étnico-racial
O Programa CNJ de Ação Afirmativa efetiva as políticas do CNJ criadas para garantir a equidade étnico-racial no Poder Judiciário. Entre elas estão as Resoluções n. 203/2015 e n. 512/2023, que estabelecem, respectivamente, os percentuais mínimos de 20% de pessoas negras e de 3% para pessoas indígenas na carreira da magistratura.
O público-alvo do programa são pessoas autodeclaradas negras e indígenas que sejam bacharéis em Direito, além de outros critérios de vulnerabilidade socioeconômica, persidade de gênero e persidade regional.
O Programa oferece dois benefícios: a Bolsa de Estudo para curso preparatório de concursos de ingresso na magistratura, incluindo o Exame Nacional da Magistratura; e a Bolsa Manutenção, que vai auxiliar o custeio de despesas relacionadas às inscrições em provas, material bibliográfico, alimentação, transporte, moradia e outras necessidades, até a conclusão do curso de formação de juízes e juízas.
Linguagem Simples
Adesão do TJPR ao Pacto Nacional do Judiciário pela Linguagem Simples – Foto: Rômulo Serpa/Ag.CNJ
A agenda do presidente do CNJ em Curitiba também marcou a adesão do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) ao Pacto Nacional do Judiciário pela Linguagem Simples. Para o ministro Barroso, o mundo do direito se afasta muito da sociedade com termos “empolados” que são usados de forma desnecessária. “Estamos desenvolvendo um projeto de utilização de linguagem simples para evitar que a linguagem seja um instrumento de poder que exclui as pessoas que não dominam esse conhecimento, da participação e do debate”.
Na ocasião, o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, homenageou o ministro com a Comenda de João Durim – Luz dos Pinhais. Ele explicou que a honraria reconhece o esforço do homem para ser maior do que as árvores que dão o nome à Curitiba, que significa luz dos pinhais. “Percebemos que, nos dias sombrios da pandemia, havia luz no seu coração e sentimentos profundos de cidadania. Um ministro que atendia o telefone e ouvia nossas angústias. O consideramos um dos nossos: um brasileiro notável, cheio de luz”, afirmou o prefeito.
Texto: Lenir Camimura
Edição: Sarah Barros
Agência CNJ de Notícias