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28 de Março de 2024 - 
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MT: Exclusão e tratamento diferenciado são relatados como desafios das mulheres negras

Preconceito, alta presença nas estatísticas de violência, falta de identificação da cor em documentos oficiais do Estado, precarização do atendimento na saúde, na educação, na segurança pública e exclusão do mercado de trabalho. Essas foram algumas das reclamações apontadas por 30 mulheres negras e profissionais que atuam no atendimento delas ou militam na área, na manhã desta terça-feira (4/12), no auditório da sede administrativa da Defensoria Pública de Mato Grosso.   Uma “roda de conversa” foi organizada pela coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher, defensora pública Rosana Leite, para ouvir demandas, quais são os principais problemas e desafio das mulheres negras, durante os 21 dias de ativismo, movimento mundial que está sendo replicado no Brasil. Posteriormente, os temas serão encaminhados como sugestão para constarem em políticas públicas do Executivo estadual.   A juíza da 1ª Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, Ana Graziela Corrêa, que participou da conversa, relatou que a maioria das vítimas nos processos que tramitam na Vara onde ela atua são negras e pardas.   “Ao menos 50% das mulheres negras são mais vulneráveis ao desemprego e 19% delas têm menos chance de conseguir aumento salarial. E essa é uma realidade que tem chance de ser mudada, já que a bancada das mulheres negras em 2019 crescerá em 30%. Mas, é necessário ter liderança feminina na política”, defendeu.   A procuradora do Estado, Glaucia Amaral, informou que as estatísticas oficiais não exigem a identificação da cor da vítima, do paciente ou de quem está recebendo o serviço em seus documentos, o que limita a percepção do real problema enfrentado por mulheres negras. Ela também defendeu que a política de cotas para negros é necessária, urgente e uma forma de equalizar desigualdades.   A professora Euza Maria de Araújo Rodrigues trouxe relatos de discriminação, da falta de identificação de crianças e adolescentes como negros e reforçou a necessidade dos temas serem trabalhados em toda a estrutura pública.   “Os temas foram surgindo naturalmente e cada participante da conversa trouxe suas percepções sobre o que são os maiores desafios da mulher negra atualmente. Percebemos que houve uma convergência sobre a necessidade de ao menos se tocar no assunto, pois há preconceito, há diferença de tratamento entre negros e brancos na seleção para um emprego, na escola e nos relacionamentos interpessoais em geral”, afirmou Rosana.   Ela e outras autoridades lembraram a importância do Poder Público ter bancos de dados que evidenciem as percepções que são relatadas pelas pessoas.   “A cultura racista precisa ser enfrentada. O feminicídio entre as mulheres negras é maior que entre as mulheres brancas. É preciso ser trabalhada a questão da identificação da pessoa como negra, pois grande parte das mulheres não se declaram. Também é importante ter estrutura, investimento. Uma Delegacia da Mulher que funcione 24 horas, o que não ocorre atualmente, por exemplo”, disse a delegada Jozirlethe Magalhães Criveletto, que atua na estrutura.   Rosana se propôs a encaminhar um pedido de cotas para mulheres negras em concursos públicos a serem realizados em Mato Grosso, a defensora pública Maila Ourives sugeriu que campanhas sobre o tema seja disseminadas e todos os relatos serão compilados e encaminhados para a equipe do próximo governador do estado, Mauro Mendes.   Homenagem – Durante o encontro as participantes fizeram uma homenagem, lendo um poema, para a professora e presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep), Jocilene Barbosa dos Santos, que faleceu no domingo (2/12), num acidente de trânsito.   “Jô, como era conhecida por amigas e amigos desenvolveu até outubro a importante atribuição de presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher de Mato Grosso, além de inúmeros projetos e parcerias junto com o Nudem. Ela atuava com mãos fortes na defesa dos direitos humanos. A perda é sem dúvida, imensurável. Os Direitos Humanos, a Educação e o Direito das Mulheres ficam órfãos com essa partida inesperada”, disse Rosana.

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