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Em decisão, Celso de Mello diz que reunião ministerial revela 'ausência de decoro'

O ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril revela “manifestações incompatíveis com a seriedade das instituições e a respeitabilidade dos signos da República” e a “ausência” de decoro” de alguns de seus participantes. A afirmação está na decisão que derrubou o sigilo da gravação da reunião ministerial que, segundo o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, prova que o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir politicamente na Polícia Federal. “Longe de discutir sensíveis questões de Estado ou de Segurança Nacional, revela determinadas manifestações incompatíveis com a seriedade das instituições e a respeitabilidade dos signos da República”, diz o ministro na decisão. Leia a transcrição da reunião ministerial Segundo Celso de Mello, quanto a alguns participantes da reunião, “a ausência de decoro, materializada em expressões insultuosas, ofensivas ao patrimônio moral de terceiros, e em pronunciamentos grosseiros impregnados de linguagem inadequada e imprópria a um sodalício composto por importantes autoridades na hierarquia da República”. VÍDEOS: assista à ÍNTEGRA da reunião entre Bolsonaro e ministros O decano afirma ainda que, ao assistir ao vídeo e ler a transcrição integral do que se passou, constatou que, “nela, parece haver faltado a alguns de seus protagonistas aquela essencial e imprescindível virtude definida pelos romanos como ‘gravitas’, valor fundamental de que decorriam, na sociedade romana, segundo o ‘os majorum’, a ‘dignitas’ e a ‘auctoritas’”. Os termos em latim dizem respeito a valores éticos, de honra, costumes e morais. Celso de Mello também questionou: “a quem aproveita ou a quem beneficia manter oculto, sob indevassável manto de silêncio e em clima de reserva, de mistério ou de segredo, o conhecimento do que se passou em mencionada reunião ministerial?”. Sobre o direito à intimidade, Celso de Mello argumentou que era “inexistente qualquer expectativa de privacidade por parte dos agentes estatais participantes de referida reunião ministerial, destinada a examinar questões de interesse geral, como o ‘Plano pró-Brasil”. Em outro trecho da decisão, o ministro fala do vídeo como prova e sobre a pulgação de apenas partes do vídeo ou ainda a não pulgação do material. O ministro afirmou que a pulgação, na íntegra, se baseia no “direito à ampla defesa, o direito à prova e o direito à paridade de armas”. Celso de Mello disse que “o Ministério Público não pode manifestar, legitimamente, pretensão que busque pautar, para restringi-la, a atividade probatória daquele que sofre persecução penal”, sob “inadmissível alegação do descabimento ou da desnecessidade de produção da prova desejada pelo investigado ou pelo réu”. Sobre o pedido da AGU para que o vídeo não fosse entregue, o decano da Corte afirmou que “busca delinear um círculo de imunidade em torno de certas ações institucionais emanadas de membros do alto escalão do Poder Executivo, em ordem a praticamente excluí-las da atividade probatória do Estado e da esfera de jurisdição penal do Supremo Tribunal Federal”. Para o ministro, o pedido do governo “mostra-se incompatível com o dogma da República, inconciliável com os valores ético-jurídicos que informam e conformam a própria atuação do Estado, além de conflitante com o postulado da transparência e com o princípio da separação de poderes, que constituem, todos eles, postulados básicos de nossa organização política”. VÍDEO DA REUNIÃO ENTRE BOLSONARO E MINISTROS Celso de Mello liberou íntegra da reunião e manteve sigilo apenas nas citações a países Leia a íntegra do que disseram Bolsonaro e ministros Veja os principais pontos da reunião ministerial que teve gravação pulgada pelo STF Veja as principais frases de Bolsonaro durante reunião ministerial que teve gravação pulgada pelo STF Leia a transcrição do vídeo da reunião que Moro diz provar a interferência de Bolsonaro na PF Em reunião ministerial, Bolsonaro diz: ‘Eu não vou esperar foder a minha família toda’; assista Bolsonaro reclama de pressão para mostrar exames de Covid-19 e que abrir impeachment por isso seria 'babaquice' Bolsonaro chama Doria de 'bosta' e Witzel de 'estrume' durante reunião ministerial; veja vídeo Weintraub: 'Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF' Paulo Guedes: 'China é aquele cara que você sabe que tem que aguentar' Salles diz que governo deveria aproveitar crise do coronavírus para fazer 'baciada' de mudanças na área ambiental
22/05/2020 (00:00)

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